terça-feira, 14 de julho de 2015

DevilDust: "encaramos a música como um processo de aprendizado, evolução e amadurecimento constante"



Proveniente de Belo Horizonte, a banda DevilDust lançou recentemente mais um novo single, intitulado "Nation of Liars", que se trata de um bom prelúdio para o próximo som que ainda está por vir. Além disso, o DevilDust também apresenta novidades em sua formação, agora como quarteto, contando com Leo Garibaldi (vocal), Leandro Martins (guitarra/backing vocals), Saulo Gonntijo (baixo/backing vocals) e Henrique Werner (bateria/backingvocals).

Em entrevista ao Wildchild, o baterista Henrique Werner falou sobre os últimos lançamentos do DevilDust, as mudanças em sua formação, e também a respeito dos futuros planos do grupo. A entrevista na íntegra pode ser conferida a seguir.

Entrevista por Gisela Cardoso 


O DevilDust lançou recentemente o seu novo single, "Nation of Liars". Como foi a sua concepção? 

Henrique Werner: A música surgiu do primeiro encontro para composição entre o Leo Garibaldi [vocal] e o Leandro Martins [guitarra], logo que ele entrou na banda. Eles sentaram e começaram a trabalhar em alguns riffs e melodias de voz que vieram a se tornar “Gambling” e “Nation”. Pouco depois, nos reunimos no estúdio e começamos a desenvolver a música, definindo os versos, refrão, o andamento da bateria, etc. Gravamos uma demo e o Leo levou para terminar a letra. Foi um processo tranquilo e fluiu bem rápido.

"Nation of Liars" é um título bem interessante, principalmente se levarmos em consideração o contexto político que estamos vivenciando. Qual é o conceito por trás da música? 

Henrique: É realmente uma música bem atual. Fala sobre manipulação, seja pela política, religião ou mídia, e como as pessoas se tornam “cegas” aceitando a serem guiadas por um ou outro tipo de liderança sem ao menos questionar. As pessoas parecem sedentas por alguém que traga mudanças para o melhor, mas não estão dispostas a lutar e mudar por elas mesmas. Vimos isso nas últimas eleições no Brasil, com a polarização entre dois partidos. Vimos isso na forma como as pessoas lidam com a religião, o preconceito, ou na forma como as pessoas compartilham informação mastigada na internet sem nenhum questionamento sobre aquilo. Enfim, é uma música sobre revolta.

Assim como em seu single anterior, o "Gambling With The Death" (2014), o "Nation of Liars" também traz uma sonoridade pesada, mas sem perder o foco na melodia, indo além do som Hard Rock e Heavy Metal. Qual tem sido a abordagem musical do DevilDust? 

Henrique: Quando iniciamos essa “nova era” de composições do DevilDust, procuramos nos ligar no perfil das composições que as grandes bandas estavam lançando. Em 2013, o Black Sabbath lançou “13” e o Alice in Chains lançou “The Devil Put Dinosaurs Here”, ambos com canções pesadas e marcantes. E é por aí que os fãs do DevilDust podem esperar: peso, pegada e baixa afinação, aliados a refrões marcantes e boas melodias.

O single "Gambling With The Death" ganhou um videoclipe no ano passado. Então, agora, vocês planejam lançar um clipe para o novo "Nation of Liars" também?

Henrique: Sim. “Nation of Liars” é uma música extremamente atual e mais engajada. Vamos gravar o videoclipe ainda nesse segundo semestre de 2015. Temos ideias transbordando sobre como fazê-lo.

Em sua opinião, quais são as peculiaridades da "Nation of Liars", em comparação com a sua antecessora "Gambling With The Death"? 

Henrique: Eu tenho um carinho especial pela “Gambling With The Death”, talvez pelo fato de ter sido o primeiro single do DevilDust do qual faço parte e de ter tido um processo de composição tão prazeroso. Fomos passar alguns dias na casa dos meus pais, no interior de Minas Gerais, onde tenho um pequeno estúdio, para fortalecer o entrosamento da banda e trabalhar nas novas composições. Estúdio disponível 24 horas por dia, bons momentos e algumas cervejas: daí saiu “Gambling With The Death” e outras boas composições que ainda lançaremos. Encaramos a música como um processo de aprendizado, evolução e amadurecimento constante. Acho que em “Nation of Liars” conseguimos chegar mais próximo do resultado que queremos em termos de sonoridade da banda nas fases de mixagem e masterização. É uma música mais direta e agressiva. Chega, dá o recado, cospe na cara e vai embora (risos).

Desde então, vocês lançaram dois singles em cada ano. Mas, também há planos para um álbum completo? 

Henrique: Com certeza, Gisela. Contando com “Gambling With The Death” e “Nation of Liars” temos composições o suficiente para preencher um álbum. Mas temos que nos adequar à realidade do mercado fonográfico atual. As pessoas (INFELIZMENTE) não compram mais discos/CDs. Vejo essa tendência vintage voltando à moda, mas adoraria que aquele bom e velho costume de frequentar lojas de disco pra ficar namorando as capas nas prateleiras e ver o que há de novo voltasse. Grande parte daquele romantismo de esperar dias para o álbum novo daquela banda tal chegar até às lojas acabou com a chegada da internet e o avanço da tecnologia. Hoje, com alguns cliques, você tem a discografia da sua banda favorita sem ter que se levantar da sua confortável poltrona. Com isso, achamos mais inteligente lançar singles, ainda que virtuais, à medida em que as músicas ficarem prontas, e, quando tivermos todo o material gravado, aí sim fecharemos o melhor álbum que pudermos fazer.

Recentemente, vocês também anunciaram a saída do guitarrista Brankko Siqueira. Quais foram os motivos que o levaram a deixar o grupo? 

Henrique: Brankko é um amigo da banda, integrou o DevilDust por muito tempo e temos um grande apreço pela sua pessoa e pelo que contribuiu nesta banda. Mas banda é um casamento, e acredito que deve haver uma sintonia entre os integrantes, se não o que é banda vira um bando. Com isso, por divergências artísticas, decidimos seguir nossos caminhos separadamente. 

O DevilDust já está à procura de um novo guitarrista ou vocês vão seguir, a partir de agora, como um quarteto?

Henrique: À princípio vamos seguir como um quarteto. Nosso foco é continuar compondo, gravando e lançando material de qualidade cada vez melhor, por isso não queremos gastar o nosso tempo e desviar nossa atenção com outra procura por guitarrista. Nos shows, teremos um guitarrista de apoio, provavelmente nosso amigo Raffa Cordeiro, que já substituiu o Leandro (que então estava na Europa) no show de abertura que fizemos para os suecos do Sabaton, em 2014.



Aliás, o DevilDust já passou por outras alterações em sua lineup ao longo da carreira. Em sua visão, essas mudanças em sua formação afetaram a banda de algumas formas? 

Henrique: A influência de cada membro é inevitável em uma banda. Com as alterações no lineup, acho natural que a sonoridade passe por algumas mudanças. Banda é uma junção das influências individuais em prol de construir um resultado em conjunto. O DevilDust de hoje soa diferente do DevilDust que gravou o EP “Route 69”, mas continuamos fazendo música pesada. Eu particularmente não gosto de me prender a rótulos.

Quais são os planos do DevilDust para o resto deste ano? 

Henrique: Filmar o videoclipe de “Nation of Liars”, compor e gravar o máximo que pudermos e fazer bons shows.

Muito obrigada pela entrevista! Agora, por favor, o espaço é seu! :-)

Henrique: Primeiramente gostaria de agradecer a você, Gisela, pela oportunidade e pelo apoio, e, aos nossos fãs e fãs de boa música em geral! A vida de banda autoral independente no Brasil não é nada fácil, então mais uma vez, em nome do DevilDust e de todos os artistas que batalham, faço um apelo a todos que apreciam esse trabalho: apoiem os artistas, apoiem a cena. O Brasil produz músicos tão bons quanto os estrangeiros que passam por aqui com suas grandes bandas, mas sem vocês não somos nada. Abraço a todos. Beware the DevilDust!




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